Para Amar é Preciso Sair do “Sistema de Luta ou Fuga”

Vamos falar sério, brigas com quem a gente ama é tão comum, né? (atenção: mulheres que sofrem violência doméstica, esse post não é suficiente pra você. Procure serviços de proteção, como o Ligue 180)

Muito comum mesmo. Agora, ao invés de nos prendermos puramente aos motivos do desentendimento entre o casal, é interessante perguntarmo-nos se estamos prolongadamente “habitando” o sistema de luta ou fuga.

Esse é um sistema de emergência. Uma preparação orgânica que envolve liberação de adrenalina e predisposição muscular à ação imediata. Se estamos continuamente reativos ou reativas, o que está nos fazendo permanecer aí?

Não falo só de extremos como ataques de fúria ou grandes episódios de medo. Mas também daquela insegurança (medo) que toma conta de um encontro. Ou de uma disposição frequente a discutir, reprovar, deslegitimar, defender-se da parceria.

Esse comportamento emocional com certeza foi aprendido. Tem a ver com nossa história familiar, com nossa cultura anti-emocional também. Com sexismo, pois mulheres são socializadas a vivenciar o amor com homens em estado de alerta, e isso é muito ruim. Homens a deslegitimar as mulheres como sujeitos de poder.

Não me atreverei a definir o amor. Trago a explicação de um neurobiólogo que amo, grande teórico das emoções, Humberto Maturana: o amor é a emoção que constitui o domínio de condutas em que se dá a operacionalidade da aceitação do outro como legítimo outro na convivência.

Infelizmente, o estado de não aceitação e receptividade pode estar em nós naturalizado. Não sei direito o que é o amor, não estou aqui para defender uma forma de amar ou fazer um tratado sobre o “amor verdadeiro”. Mas posso afirmar que permanecer no sistema de luta e fuga é um indicador de que o amor não está sendo possível ali.

Geralmente, achamos que a solução é comportar-se de forma diferente. Mas não é, se internamente estamos no sistema nervoso simpático. Cabe a nós, sujeitos desse corpo que reage, mergulhar nesse sentimento constante de ameaça. Fazer o caminho pra dentro e acalentar-se. Amar a si mesmo/a.

Com emoção,
Carla 🌷

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